KAREN: sobre despedidas
- Luiza Freitas
- 11 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de mai. de 2023
[Por Karen Lira]
Postergo te dizer adeus com a teimosia de alguém que acredita que certezas existem, mas que está perdida em hipóteses. O peso dos "E se?" me prende pelos calcanhares com a força que me falta nos pulmões para me despedir. As horas passam, mas não é o ponto do relógio que gira e sim a roda da fortuna do meu bem-estar, que só me diz no resultado, se estou bem ou não.
O trágico cenário acima chega a ser cômico, são as dores de mergulhar em algo tão raso e não saber se o que doeu foi a queda, a água ou se batemos no fundo, no limite de concreto do que era fluído. O certo é que a intensidade é subjetiva para cada um dos viventes, e a liberdade é relativa do possuidor. A crítica não tem espaço. Muito menos a constante, que se mostrou como um fio que permeou o espaço-tempo e atou um nó que só
um corte é a solução.
O incrível é entender que a única reciprocidade foram nossas autossabotagens, nossas inseguranças, nossos olhares silenciosos cheios de dúvidas. Eram eles que se deitavam. Foram eles que se deram as costas. E um limbo se criou, e a ruptura abriu um abismo onde o tempo não passa, o sol não bate e a palavra não alcança.
Dizem que até poço tem fundo, eu digo que o fundo é um espelho, que só quem ousa olhar obtém respostas. O meu era silencioso, escutava o barulho do sangue circulando e lentidão progressiva das batidas do coração. Há uma paz, nesse espaço de dificuldade, de saber que o único caminho é para cima. E há um pesadelo, de se perguntar de forma reiterada, como.
Se o perdão é uma escolha, eu me pergunto como perdoar alguém que me jogou nesse lugar tão escuro. Seja essa pessoa você, seja eu.
Karen Lira. Me reconheço entre minhas entre linhas, nas curvas das letras, no meu próprio escutar, por isso escrevo. Compartilho porque me é inerente.

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